Sobre a responsabilidade

Para Fritz Perls, temos que entender “responsabilidade” como “resposta-habilidade”. Trata-se de um deslocamento linguístico importante. Quando falamos de fomentar a “responsabilidade de si” em Gestalt-Terapia, não estamos no campo das moralidades e obrigações sociais, da lei e do dever. Não se trata de fazer uma pessoa assumir uma carga por seus erros ou se identificar […]

O que é real?

“Realidade” não é um mundo exterior, separado de quem o vive. Pelo contrário, a realidade se trata sempre de contato: uma figura de interesse energizada por um fundo de vivência. Conhecemos o mundo através de seu toque: os afetos que vivemos espontaneamente. A realidade “neutra” de objetos isolados usada pela ciência moderna é o produto […]

Infinidade

Estaria enganado aquele que acreditasse que o constante reformular da clínica é sinal de seu fracasso. Se frequentemente surgem novos modelos, entendimentos e práticas clínicas, tal só demonstra que é característica mesma destes um ajustar-se criativamente às realidades contemporâneas e suas novas demandas. Ora, se a clínica é fundamentalmente lugar de encontro com a realidade […]

A hora de fugir

Viver não é apenas sentir e aceitar, mas também deliberar, rejeitar o que há de ser rejeitado. Muitas vezes o objeto rejeitado não pode ser aniquilado do campo, e resta então a possibilidade de excluir a própria presença para criar outras possibilidades: fugir. Diferentemente do que poderia ser imaginado inicialmente, fugir não tem, em si, […]

Afinal, o que é Gestalt?

O filósofo Franz Brentano, que deu aula a Freud e Husserl, foi um dos primeiros a usar o termo Gestalt. Segundo ele, tratava-se de um “totalidade” indeterminada, sem causa e nem objetivo, incapaz de ser apreendida pela linguagem, e que se apresenta espontâneamente à experiência. As Gestalten seriam assim apresentações espontâneas de algo que só […]

Desrazão

O psicoterapeuta determinado a achar lógica, sentido e razão nas vivências de seus clientes está fadado a falhar. A experiência não obedece a regras matemáticas ou a sistemas teóricos. A experiência é sempre maior do que o que podemos falar sobre ela. Se “Gestalt” é a apresentação espontânea de “totalidades indeterminadas que não podem ser […]

Ajustamento criativo

A principal aposta da Gestalt-Terapia é no poder do “ajustamento criador”. Acreditamos que o self, inserido em seus campos vivenciais, realiza um duplo movimento: Por um lado, AJUSTAMENTO: precisa se adaptar, conviver com os limites da realidade, que frustra e demanda. Por outro, CRIADOR: frente a essa vivência, cria, produz, transcende, profana o existente e […]

Sentir junto

Na Gestalt-Terapia, o “sentir” não é individual. Tudo o que é da ordem do “sentir” não é apenas de uma pessoa, pois a noção de “pessoa” é uma construção abstrata, posterior ao contato espontâneo. Durante a sessão clínica, estabelece-se um campo no qual tanto clínico quanto cliente estão implicados. Todo o “sentir”, os afetos que […]

Além do autoconhecimento

Uma das consequências do self na Gestalt-Terapia não se tratar de uma entidade mental ou interna é o abandono de uma metodologia introspectiva. Não é olhando pra dentro de si ou conhecendo-se exaustivamente que o ser humano cresce. O contato é precisamente a transcendência do sujeito, a partir de seu fundo de vivido, em direção […]

O self na Gestalt-Terapia

Na Gestalt-Terapia, afastando-se de uma noção essencializante, o self não é visto como uma instância intrapsíquica ou uma entidade, uma mente, um espírito, uma alma. Não há uma personalidade, identidade, nenhuma essência de ser anterior ao contato. O self é o próprio contato. Nesse sentido, nós nos reinventamos a cada vivência. Não que sejamos liberdade […]