Ajustamento criativo

Matheus Ribeiro

Matheus Ribeiro

A principal aposta da Gestalt-Terapia é no poder do “ajustamento criador”. Acreditamos que o self, inserido em seus campos vivenciais, realiza um duplo movimento:

Por um lado, AJUSTAMENTO: precisa se adaptar, conviver com os limites da realidade, que frustra e demanda.

Por outro, CRIADOR: frente a essa vivência, cria, produz, transcende, profana o existente e o limite, vai além dele, rumo à novidade.

Mesmo nas situações mais difíceis, onde há frustrações, violências, vulnerabilidades, o self ainda assim há de criar. Pode até ser que suas produções não encontrem, no meio social, aceitação e acolhimento (como, por exemplo, as psicoses de nossa cultura), mas não por isso deixam de ser produções criativas. Em alguma medida, podemos dizer que tal produção foi a “saída possível” que o self encontrou naquele campo.

Esse conceito é fundamental para abandonarmos a velha noção de “doença mental”. As produções sintomáticas corporais, as alucinações, delírios, manipulações neuróticas, banalizações e daí por diante, não se tratam, na ótica da Gestalt-Terapia, de doença ou “sintoma”, mas sim da forma possível de agir que aquele sujeito encontrou frente ao seu campo vivencial. E, como tal, não devem ser vistas como algo a ser eliminado, mas sim como um ajustamento criador a ser acolhido enquanto seja necessário ao sujeito.

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