O momento terapêutico é aquele em que se desenrola a coragem para se dizer, fazer e criar o que há de mais espontâneo e autêntico na experiência.
Mas não esquecemos a sociedade em que vivemos: profundamente doentia, burocrática – e ao mesmo tempo caótica -, destruidora, repressora, desvitalizante e assassina.
Logo, perguntar pela espontaneidade de alguém – não é isso também lhe perguntar pelos modos com que essa espontaneidade lhe foi talhada e rasgada? Não é isso também perguntar pelos seus ressentimentos, sua raiva reprimida, seu ódio, seus piores sentimentos? Não é lhe perguntar por suas lutas mais angustiantes?
O terapeuta é aquele que pergunta pela angústia que alguém vive. Pergunta-lhe também sobre o sintoma que criou para enfrentar esta angústia.
“Como o mundo te maltratou? Qual foi a sua resposta?”
Não promete curar a angústia,
Promete ouvir, ver, sentir
Viver o que há de mais verdadeiro em alguém
Numa sociedade cruel e sádica
É uma atitude de risco
e de resistência.