Ética Gestáltica

Matheus Ribeiro

Matheus Ribeiro

Pode-se dizer que a Gestalt-Terapia não só tem uma ética, mas também é uma ética.

Isso porque seja onde for realizada – não necessariamente em um consultório – os métodos, técnicas e a postura gestáltica nos fazem encontrar algo “outro”, algo “diferente”, para usar a linguagem do livro “Gestalt-Terapia” de 1951, viver uma “novidade”.

Neste livro, os autores Fritz Perls e Paul Goodman deixam claro: somente a novidade leva ao crescimento. Viver é encontrar um mundo que não conhecemos de antemão, que não temos sob nosso domínio, que não possuímos como propriedade privada.

Quando se dá esse encontro, tocamos, experienciamos, sentimos. A esse processo, eles chamaram de contato. O contato é ético por excelência, pois é um modo de se relacionar com tudo que no mundo não sou eu.

Isso significa que os Gestalt-Terapeutas querem que você deixe de ser você mesmo e se torne outra pessoa? Que você abandone sua história e suas identidades? Não. Na realidade, acreditamos que a novidade e o diferente não são uma realidade exterior, que estaria “lá fora” nos esperando.

Ao contrário, eles se produzem a cada momento, no encontro entre nosso passado – todos os afetos que retornam sem nosso consentimento ativo – e nosso futuro, ainda desconhecido, mas sempre no horizonte de nossos atos.

Poderíamos dizer que a Gestalt-Terapia é uma ética de encontro com esse “estranho” que nos acompanha a todo momento, queiramos ou não: o tempo.

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