Mudar e crescer

Matheus Ribeiro

Matheus Ribeiro

Transformar-se implica não só criar novos modos de existir, mas também deixar os antigos. Embora o modo antigo de existir não tenha mais energia, não mobilize mais o desejo e a vitalidade, ainda assim mantém-se como referência, como algo familiar e seguro, uma espécie de vínculo identitário, um lugar no mundo.

Mudar é sofrido e doloroso. Envolve o luto pela morte de nossa antiga vida. Quando despidos das formas fixas com que encarávamos o mundo, nos deparamos com o vazio. Vivemos um “nada” fundamental, a ausência das identidades que antes nos sustentavam e o enfraquecimento de muito do que repetimos durante toda uma vida.

Mas esse vazio não precisa ser pura angústia. Quando há suporte – com a terapia, a família e os amigos, a comunidade, os amores, os livros, os filmes, as festas, as músicas, as memórias – o vazio da angústia pode se tornar vazio fértil, vivência pura da possibilidade de criar, de tornar-se o outro que já habitava em si como potência, e agora se realiza.

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