Nunca na história da humanidade houve uma cultura tão competitiva quanto a nossa. Vivemos uma ultravalorização da imagem e do sucesso. Todos são convidados à iniciativa pessoal e ao empreendimento de si. Todos enfrentam a todos: não há lugar para atitudes comunitárias, ou qualquer atitude que não vise uma vantagem pessoal.
Há cada vez menos lugar para o fracasso. Fracassar é quebrar a lógica do desempenho: para o sistema capitalista, isso é inadmissível. O fracasso e a desistência são criminalizados.
O terapeuta, ao contrário, ocupa o lugar ético de acolhida ao que não se adequa necessariamente aos princípios sociais de normatividade e sucesso.
Isso significa que o terapeuta, ao invés de introduzir mais demandas, deve poder acolher a desistência, o fracasso, o cansaço e a falta de vontade. E não para fazer seus clientes voltarem a produzir, mas para possibilitar que autorizem seu próprio ritmo.

Entre medo e alegria
Fato curioso: por motivos irrelevantes (mas quem quiser, eu conto!) cresci desprezando o carnaval.