O paradoxo de escrever

Matheus Ribeiro

Matheus Ribeiro

Escrevo melhor quando estou mal.

Numa sociedade onde estar bem-adaptado é estar em constante produtividade, incessante trabalho e retrabalho, “estar mal” é visitar os próprios vazios. Na realidade, ser visitado por eles.

Ora, um texto positivo, hiperativo, de pura produtividade, não carrega nada de interessante. Uma obra é interessante na medida em que revela vazios, faltas, lacunas, desvios. É ali que provoca desejo e encanta os sentidos.

Não escolho escrever, mas sou escolhido pela escrita.

Processo criador, mas “eu” não sou só criador, mas também criatura. Paradoxalmente, na minha escrita, torno-me outro.

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