Embora a linguagem verbal seja uma das principais formas de nos inserirmos no mundo, falar em excesso “sobre” algo pode ser uma maneira de evitar uma vivência afetiva. O falatório demorado sobre um tema cumpre o papel de tentar prever e controlar todas as possibilidades, de modo a impedir a surpresa e a novidade.
A fala perde seu aspecto vívido e torna-se vazia e monótona. Se distancia do que é interessante e vital. Frequentemente, adquire o caráter de rituais estereotipados. Assim, grande parte de nosso tempo é gasta em verborragia cordial e desinteressante.
Ao contrário, no processo de crescimento, a fala não é utilizada para evitar, mas é recurso do agir frente ao outro. Não ignora e negligencia o mundo afetivo, mas o expressa e concretiza. Nesse sentido, mesmo a prosa se torna poética.
