Reside no paradoxo do aqui-e-agora o mistério inerente aos vínculos sociais. Por mais que tentemos compreender a realidade social através de instrumentos lógicos e racionais, ela está sempre sendo atravessada por outros mundos ainda irreais, somente possíveis.
A sociabilidade é exatamente este modo como a cada novo agora sou impulsionado por algo que não me pertence e me leva a agir, para novamente provocar efeitos em meu semelhante, que por sua vez, sente a partir da nova demanda que lhe dirijo.
Este movimento não é sempre bem sucedido. Muitos são os afetos e excitamentos que o outro nos provoca e que nos leva a desejar novas realidades. Nos vínculos sociais que constituímos, procuramos expressão para nossos desejos. A realidade, entretanto, é limitada, normativa, exigente.
A busca de vínculos sociais não diz respeito a uma gerência das vontades. Não poderíamos realizar um processo de autoconhecimento e depois procurar a melhor família possível, o melhor parceiro(a) possível. Não sabemos de antemão o que procuramos em nossos vínculos íntimos.
Sabemos que ali encontramos certa expressão, mas também certas angústias e sofrimentos. Se queremos encontrar formas melhores de nos relacionar, primeiro precisamos admitir que não nos relacionamos logicamente, não podemos explicar nossos vínculos sociais – somente aprender com eles.
