O filósofo Franz Brentano, que deu aula a Freud e Husserl, foi um dos primeiros a usar o termo Gestalt.
Segundo ele, tratava-se de um “totalidade” indeterminada, sem causa e nem objetivo, incapaz de ser apreendida pela linguagem, e que se apresenta espontâneamente à experiência.
As Gestalten seriam assim apresentações espontâneas de algo que só podemos falar incompletamente. Elas não são definidas pela vontade ou pela razão: elas surgem sem o nosso consentimento. Podemos apenas senti-las e ver seus efeitos em nossos atos e em nossa linguagem.
A característica fundamental da introdução das Gestalten no modo de pensar uma terapia é o fato delas, enquanto aspecto sempre presente e desconhecido da experiência, terem o poder de orientar nossos atos, mesmo os atos ditos racionais. Na terapia, chamamos a atenção para os elementos Gestálticos da experiência, ou seja, o “como” da experiência.
É da música de que tiro um exemplo da emergência da Gestalt. Há anos atrás, vi um amigo afirmar:
“não consigo me recordar dos acordes desta música. Me empreste o violão, pois vou tocá-la para lembrar”.
Nesse momento, ele atesta o fundamento Gestáltico da experiência: não podia se recordar dos acordes através da racionalidade, de atos de memória ou linguísticos; mas sabia que, no momento em que começasse a tocar a música no violão, certa Gestalt se ofereceria: espontaneamente, vindo de um fundo indeterminado e misterioso.