Uma das consequências do self na Gestalt-Terapia não se tratar de uma entidade mental ou interna é o abandono de uma metodologia introspectiva. Não é olhando pra dentro de si ou conhecendo-se exaustivamente que o ser humano cresce. O contato é precisamente a transcendência do sujeito, a partir de seu fundo de vivido, em direção à novidade.
Assim, mais do que uma terapia de autoconhecimento, a Gestalt-Terapia é uma abordagem que, a cada sessão clínica, trata de introduzir uma novidade, de tentar fazer um desvio na experiência, uma fuga dos padrões enrijecidos que cada um desenvolve ao longo da vida.
Nesse sentido, faço minhas as palavras de Jean-Paul Sartre:
“Se a consciência tenta recuperar-se, coincidir enfim com ela própria, aniquila-se. (…) Hei-nos libertos da ‘vida interior’. (…) Por fim, tudo está fora, tudo, até nós próprios: fora, no mundo, entre os outros. Não é em nenhum refúgio que nos descobriremos: é na rua, na cidade, no meio da multidão, coisa entre as coisas, homem entre os homens” (Sartre, 1968, p. 31)