Talvez a Black Friday seja o melhor representante simbólico do consumismo contemporâneo. Conhecida em todo o mundo globalizado, ela escancara as artimanhas capitalistas que manipulam afetivamente as massas, criando um caótico dia de compras que se anuncia sempre como oportunidade imperdível.
Na maioria das vezes, tratam-se de produtos desvinculados das necessidades, desejos e afetos espontâneos, criando identidades “alienígenas” através da propaganda.
Não que se trate de um processo meramente vertical. As massas que participam destes eventos não são apenas um receptáculo dos dispositivos de poder, “tábulas rasas” prontas para serem manipuladas.
Há de fato possibilidades não-alienadas de satisfação, economia de recursos materiais e daí por diante: vivência de ajustamento criador frente às demandas excessivas de consumo e dívida feitas pelos desejo do capitalismo.
A questão para o Gestalt-Terapeuta sempre será em que medida, neste campo, esta vivência é emancipadora, empoderadora frente ao desejo do Outro, e em que medida é a própria morte do desejo espontâneo.