Depressão e Tristeza

Matheus Ribeiro

Matheus Ribeiro

Frequentemente o senso comum retrata as pessoas deprimidas como se estivessem apenas sofrendo de um excesso de tristeza. Assim, em geral acredita-se que a depressão é um transtorno grave em que a tristeza aguda deve ser medicada para que o depressivo possa voltar a trabalhar e aproveitar a vida.

Entretanto, muitas vezes atendendo clientes deprimidos percebemos que a depressão não provém somente de momentos tristes. Ao contrário, frequentemente ela nasce exatamente das demandas das ideologias do rendimento e da felicidade. Nossos clientes se deprimem quando não dão conta de atender ideais de sucesso e de consumo cada vez mais inatingíveis.

A depressão não é apenas um transtorno, ela mostra uma sabedoria do corpo e da nossa própria existência. Ao excesso de exigência, ela opõe a recusa absoluta: a imobilidade, a falta de vontade, a exaustão. Na depressão, a pessoa vive toda a sua tristeza que antes não tinha lugar, pois era obrigada a ser apenas feliz e produtiva.

Na terapia, ao contrário, ela pode encontrar outra forma (uma forma não depressiva) de fazer contato com a própria tristeza, a própria singularidade, tudo que em si não atende as expectativas sociais. Enfim pode autorizar seus próprios limites e seu próprio ritmo, e enfrentar o meio social que lhe demanda um ritmo acelerado.

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