O que é excitamento?

Matheus Ribeiro

Matheus Ribeiro

Os excitamentos são um conceito fundamental da Gestalt-Terapia. Mais do que um mero fenômeno físico-químico, eles são para nós o próprio sentimento que acompanha o desenvolvimento de figuras de interesse a partir de um fundo. Como poderíamos defini-lo?

Ora, esta é uma tarefa paradoxal, uma vez que o excitamento não é uma coisa. Não tem conteúdo, não tem realidade em-si. É o fundo invisível de contato, a cada vez orientando e constituindo novas realidades, novas experiências. Excitamento é algo de nós que constitui o mundo que vivemos. Ao mesmo tempo, é este mundo nos constituindo. É sentimento de viver o mundo. É sentir e viver no corpo, na forma dos afetos que nos orientam a agir.

Excitamento é sempre uma sobra de vivências passadas. É nossa história que faz quem somos, a cada novo aqui-e-agora. Excitamento é o retorno de uma experiência de contato, é aprendizado que volta espontâneo. Resto esse que não se satisfaz, mas faz-se disponível a cada nova demanda, faz pressão na fronteira em cada novo contato. Tentar dominá-los é inútil, pois excitamentos são irreprimíveis. Não cansam de exprimir-se.

O que faz deles sempre estranhos. É um passado que retorna e encontra tudo de outro modo: não podia deixar de se manifestar como diferente. Não tendo mais conteúdo atual, é sempre sentido como um vazio, como algo que falta. Excitamento é vazio pulsante.

Vazio que impulsiona, provoca, suscita, pressiona, vaza no corpo, nos atos e nas palavras. Ora, desejamos dar conta desses vazios. Em um campo de experiências, excitamentos produzem desejos. Então, fantasiamos possibilidades e as concretizamos, e elas nos satisfazem. Nunca completamente, nunca por inteiro. Sempre restam novos vazios, sempre restam excitamentos para nossos futuros contatos.

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