Na Gestalt-Terapia, afastando-se de uma noção essencializante, o self não é visto como uma instância intrapsíquica ou uma entidade, uma mente, um espírito, uma alma. Não há uma personalidade, identidade, nenhuma essência de ser anterior ao contato. O self é o próprio contato.
Nesse sentido, nós nos reinventamos a cada vivência. Não que sejamos liberdade absoluta e irrestrita: essa reinvenção ocorre a partir do fundo de vividos que permite que, na materialidade de cada situação, possamos criar e assimilar algo de novo. Essa é a atualização constante do self, é o processo de contato.
Um fenômeno interessante pode ser usado para ilustrar isso: ao convivermos em diferentes espaços, com diferentes grupos de pessoas, há vezes que sentimos a nós mesmos como diferentes, tendo atitudes incoerentes e até incompatíveis. Ou seja: não somos apenas uma “personalidade”, que se insere em diversas situações: nós criamos e somos criados pelas situações em que nos inserimos, e assim não somos apenas um sistema self, mas muitos.