Qual o resultado da Gestalt-Terapia?

Matheus Ribeiro

Matheus Ribeiro

Para os criadores da Gestalt-Terapia, a experiência aqui-e-agora é rica o suficiente em detalhes, complexidade e profundidade – histórica e afetiva – para nos dar, a cada nova sessão, um critério intrínseco a ela mesma.

Isso significa que a cada novo acontecimento, o Gestalt-Terapeuta se orientará não pela norma social ou mesmo pelas teorias psicológicas que sistematizam o que é uma mente saudável, mas sim pela qualidade do contato presente.

No desenrolar de cada sessão, o contato que ocorre entre o terapeuta e seu cliente se revela espontaneamente como forte, fraco, brilhante, nulo, obscuro, agressivo, integrado, radiante, pífio, superficial, cindido, belo, profundo, horroroso, explosivo, enigmático…

A atitude do Gestalt-Terapeuta é a fé de que ao imergimos com disponibilidade e responsabilidade nesses detalhes da experiência presente, ela se intensifica, se modifica, se dobra e desdobra, até eventualmente se tornar algo diferente, algo totalmente outro.

Assim, conforme as sessões passam, percebemos no corpo, na vivacidade e nas atitudes de nossos clientes que eles se mostram mais fortes, sensíveis, focados, implicados, empoderados, responsáveis, livres…

Todas essas formas de crescimento são “apenas” consequências da disponibilidade e da entrega do terapeuta e do cliente.

Na medida que o Gestalt-Terapeuta se deixa arrebatar pelas dimensões da experiência presente, ele convida seu cliente a fazer a mesma coisa – se afinar com sua força, seus hábitos, sua sensibilidade, suas inibições, seus desejos, sua afetividade, sua agressividade, suas identidades, sua ternura, sua capacidade de construir vínculo, sua capacidade de ficar sozinho, e assim por diante.

Assim, a cada novo encontro, cliente e terapeuta descobrem novas formas, novos estilos de vida, e mesmo novas versões deles mesmos. Se transformam ao mesmo tempo que se aceitam.

Justamente por estar implicado emocionalmente nesse campo, o terapeuta também pode tomar como critério do resultado o seu próprio afeto e sua própria percepção na experiência presente. Vez ou outra há momentos em que ele se flagra admirando a beleza de uma transformação, em que se descobre tocado ali onde menos esperava. É este critério – certamente intuitivo, ético e estético – o mais importante para avaliar o resultado de um processo na Gestalt-Terapia.

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